
Artigo escrito na primeira pessoa
Mesmo quando estava na escola eu era sempre a miúda mais cheiinha. Isto acontecia porque a comida era uma parte muito importante na minha vida e, quer me sentisse feliz, triste, chateada ou entusiasmada, via a comida como uma parceira. A comida era o foco de cada momento e celebração.
Quando finalmente cheguei à idade adulta não tinha uma relação saudável com a comida, nem sabia qual era o aspeto da comida saudável. Em vez disso, comia quantidades excessivas, estava contentemente a comer snacks e repetia sempre duas ou três vezes a cada refeição.
“Um dia tive de usar uma balança industrial para me pesar em vez de uma balança normal e isso foi um grande ‘abre olhos'”.
EM 2016 consegui o emprego dos meus sonhos como professora de agricultura, mas o meu peso estava a impedir-me de dar aos meus alunos a experiência que eles mereciam. Não conseguia conduzir, por exemplo, a carrinha da escola para poder levar os alunos até aos campos.
Depois, num encontro com alguns colegas do secundário, uma amiga veio falar comigo sobre o meu peso. Ela trabalha num programa de perda de peso e acreditava que me conseguia ajudar na minha caminhada de perda de peso. Por isso, decidi tentar durante um mês, já que não tinha nada a perder. O problema foi que tive de me pesar antes de iniciar o programa. Quando me pesei, na balança industrial, tinha 233 kg.
Mudança radical na visão da comida
Comecei a ver a comida como combustível. E agora apenas quero dar combustível ao meu corpo com comida que me faça sentir bem. Isto significa vegetais e proteína magra. Durante as reuniões familiares não me rodeio de comida. Em vez disso, foco-me na minha família e consigo desfrutar da companhia deles, sem me sentir super cheia e com remorsos pelo que comi. Aprendi a criar relações com as pessoas e, pela primeira vez, tenho prazer de estar em público.
Mudar tudo de uma vez pareceu demasiado, por isso não comecei logo a treinar, quando comecei a dieta. Em vez disso, tentei adicionar hábitos mais saudáveis aos poucos como estacionar mais longe de casa e dar mais uma volta nos corredores da escola. Eventualmente, acabei por começar a caminhar, tanto na rua como n ginásio.
A minha perspetiva estava finalmente a mudar e o ginásio deixou de ser um lugar de castigo e passou a ser um local de celebração. Comecei a fazer cardio e, com o tempo, adicionei aulas de fitness.
O problema do excesso de peso
Em apenas dois anos perdi 152 kg e depois tinha excesso de pele. Passei cerca de um ano à procura de um cirurgião e fui a quatro consultas diferentes. Finalmente saí de uma consulta a sentir-me confiante e aí soube que tinha encontrado o médico certo.
O meu cirurgião focou-se em definir as cirurgias à minha medida e entendeu o meu desejo de remover o excesso de pele que me estava a causar dor, de uma só vez. Isto, porque eu não tinha dinheiro para fazer várias operações.
Tinha pele solta em grande parte do meu corpo, mas o meu foco eram as pernas e a zona abdominal. O médico decidiu que o ideal seria fazer um procedimento que removia o excesso de pele e dava novas formas ao meu tronco. Nas pernas a opção foi remover a pele em excesso das coxas.
A minha cirurgia aconteceu dia 14 de janeiro de 2019 e demorou cerca de 13 horas e meia. No total tiraram-me quase 6 kg de pele.
Para aqueles que querem começar a jornada da perda de peso para se tornarem saudáveis eu diria para levarem cada dia de uma vez, mudando hábito a hábito. Não se deixem levar pela grande quantidade de peso que querem perder. Em vez disso, sigam passos pequenos e façam um plano.
A minha perda de peso mudou todos os aspetos da minha vida
Passei de ver a minha vida passar-me ao lado para viver, de facto, a minha própria vida. Começou como uma jornada física, mas acabou por ser uma viagem mental também. Aprendi, finalmente, a gostar de mim tal como sou. Isto ajudou a aumentar o meu circulo social, que foi como conheci o meu noivo, o Dwight.
Esta viagem também me despertou para a possibilidade de, um dia, vir a ser mãe. Algo em que nunca havia pensado quando pesava mais de 200 kg. Agora, posso sonhar com uma gravidez saudável, estar presente na vida dos meus filhos e garantir que eles têm informação nutricional desde a infância.
Não desejo a ninguém pesar 233 kg, mas deixa-me contente que tenha passado por isto. Ter a possibilidade de usar o meu percurso que foi um escape à obesidade mórbida e agora ajudar outras pessoas tem sido uma boa experiência.
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Artigo via Prevention